Candida auris: Uma Ameaça Emergente à Saúde Global
Candida auris é um fungo emergente que representa uma séria ameaça à saúde pública global. Ele foi identificado pela primeira vez em 2009 no canal auditivo de um paciente japonês, daí o nome "auris". Desde então, disseminou-se rapidamente ao redor do mundo, sendo encontrado em mais de 30 países.
INFECÇÕES FÚNGICAS
Lucas W.S.Sousa
1/29/20243 min read


A emergência da Candida auris e os desafios para o controle de infecções fúngicas
Candida auris é um fungo emergente que representa uma séria ameaça à saúde pública global. Identificado pela primeira vez em 2009 no Japão, disseminou-se rapidamente para mais de 30 países nas Américas, Ásia, África, Europa e Austrália. Surtos ocorreram principalmente em instalações de saúde, e a transmissão é facilitada pela capacidade de C. auris persistir no ambiente hospitalar. Este artigo analisa criticamente os desafios impostos por essa levedura multifator-resistente e reflete sobre as implicações para o controle de infecções fúngicas.
Epidemiologia e manifestações clínicas
A Candida auris tem uma epidemiologia única, podendo causar tanto infecções adquiridas na comunidade quanto no ambiente hospitalar. A colonização assintomática precede o desenvolvimento de infecção invasiva e pode persistir por semanas ou meses após a resolução da infecção. As apresentações clínicas mais comuns são fungemia, infecções de feridas e trato urinário. Infecções invasivas como fungemia ocorrem mais frequentemente em pacientes imunocomprometidos.
Fatores de risco e transmissibilidade
Os fatores de risco incluem idade avançada, diabetes mellitus, uso de antibióticos, cateteres intravasculares e diálise. Nos Estados Unidos, ter recebido cuidados de saúde fora do país no ano anterior é um importante fator de risco. A capacidade da Candida auris persistir em superfícies facilita a transmissão no ambiente hospitalar através do contato com pacientes colonizados e fômites contaminados. Sua habilidade de formar biofilmes contribui para a sobrevivência prolongada no ambiente.


A Candida auris tem capacidade de formar biofilmes em cateteres, aumentando assim o risco de contaminação e infecção.
Desafios no diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da Candida auris é dificultado pela semelhança com outras leveduras. A identificação definitiva requer métodos moleculares, o que atrasa o diagnóstico e tratamento adequados. Opções terapêuticas são limitadas devido à resistência intrínseca e adquirida a múltiplas classes de antifúngicos, incluindo fluconazol, anfotericina B e equinocandinas. Não existem regimes efetivos de descontaminação de pacientes colonizados.
Prevenção e controle de infecções
Medidas rigorosas são necessárias para conter a Candida auris: precauções de contato, higiene de mãos, desinfecção ambiental e de equipamentos médicos, rastreamento de contatos e isolamento de pacientes. Equipamentos de proteção individual devem ser utilizados pelos profissionais de saúde.
A luta global contra a resistência antimicrobiana
A Candida auris exemplifica os desafios crescentes da resistência fúngica em um mundo globalizado. Sua capacidade de se disseminar entre instituições de saúde e desenvolver rápida resistência a múltiplas drogas é alarmante. A colaboração internacional é essencial para melhorar vigilância, diagnóstico precoce e implementação de medidas de controle. Além disso, novas terapias antifúngicas são urgentemente necessárias.
Perspectivas futuras: inovações no controle de infecções fúngicas
A Candida auris destaca as limitações das estratégias atuais de controle de infecções fúngicas. Métodos diagnósticos rápidos e precisos, terapias mais seguras e eficazes, descontaminantes eficazes e abordagens inovadoras de prevenção são necessários. Pesquisas sobre a patogenicidade e fatores de virulência da Candida auris trarão insights sobre como interromper sua transmissão. Avanços nas tecnologias de desinfecção, como novas formulações e sistemas automatizados, podem aprimorar a limpeza ambiental. Finalmente, o desenvolvimento de vacinas antifúngicas é uma área promissora para prevenir infecções em populações de alto risco. Novos insights da microbiologia, epidemiologia e controle de infecções serão cruciais na luta global contra patógenos fúngicos emergentes e multidrogas-resistentes.
Conclusão
A Candida auris representa uma séria ameaça emergente à saúde que expôs lacunas críticas na capacidade de diagnosticar, tratar e controlar infecções fúngicas. Seu potencial pandêmico exige respostas globais coordenadas. Os insights provenientes deste patógeno desafiador informarão estratégias inovadoras para enfrentar a crescente ameaça da resistência fúngica.


Referência: Wasylyshyn, A., Stoneman, E.K. Management of Candida auris. JAMA. Published online January 22, 2024. doi:10.1001/jama.2023.24921


Lucas W. S. de Sousa, Biomédico Microbiologista editor e idealizador da página Microbiologia Clínica Brasil.