Novos dados da OMS revelam aumento de casos e mortes por malária em 2022

A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou recentemente seu relatório anual sobre a situação da malária no mundo, trazendo dados preocupantes sobre o aumento de casos e mortes pela doença em 2022.

Lucas W.S.Sousa

1/16/20243 min read

Avanços e desafios no combate global à malária: principais resultados do relatório anual da OMS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou recentemente seu relatório anual sobre a situação da malária, revelando uma realidade preocupante em 2022. Com 249 milhões de infecções e 608 mil mortes registradas em todo o mundo, o aumento de casos e óbitos indica desafios significativos na luta contra essa doença devastadora.

Panorama Global da Malária em 2022

A malária persiste como um sério problema de saúde pública, especialmente na África, que respondeu por 94% dos casos e 95% das mortes no último ano. Quatro países - Nigéria, República Democrática do Congo, Uganda e Moçambique - concentram quase metade dos casos globais, destacando a necessidade de estratégias eficazes nessas regiões.

Destaca-se a vulnerabilidade das crianças menores de 5 anos, representando cerca de 78% das mortes na África. As complicações decorrentes da malária continuam a ser uma das principais causas de mortalidade nessa faixa etária.

Fatores Contribuintes para o Aumento

Diversos fatores explicam o aumento de casos e mortes por malária em 2022. A pandemia de Covid-19 desempenhou um papel crucial, perturbando serviços de prevenção e controle da malária globalmente. Além disso, a resistência do parasita aos medicamentos e dos mosquitos aos inseticidas apresenta um desafio crescente.

Mudanças climáticas podem estar contribuindo para a transmissão, alterando as condições ambientais favoráveis à reprodução dos mosquitos transmissores. Conflitos e crises humanitárias em países endêmicos dificultam as ações contra a doença.

Avanços e Retrocessos

Apesar do cenário desafiador, alguns países conseguiram eliminar a malária em 2022, como Azerbaijão, Belize e Tajiquistão. Atualmente, 34 nações estão livres da doença endêmica. No entanto, a estabilização nos 11 países mais afetados indica a necessidade de esforços contínuos para atingir as metas globais da OMS até 2025.

Um aspecto alarmante é a queda no financiamento global para pesquisa e desenvolvimento de tecnologias contra a malária, atingindo o menor nível em 15 anos. O investimento de US$ 603 milhões em 2022, US$ 73 milhões a menos que no ano anterior, pode comprometer a busca por novas ferramentas no combate à doença.

Iniciativas Promissoras

Apesar dos desafios, alguns avanços notáveis merecem destaque. A implementação das primeiras vacinas contra a malária em países africanos, como RTS,S/AS01 e R21/Matrix-M, demonstrou eficácia na redução de casos graves e mortes, oferecendo uma perspectiva promissora.

O Brasil, embora enfrentando a complexidade da malária em sua região amazônica, registrou uma redução significativa de casos em 2022 em comparação com 2019, antes da pandemia. Estratégias como a incorporação de novos medicamentos pelo SUS e a criação de políticas integradas reforçam o compromisso nacional de eliminar a malária até 2035.

Desafios Futuros e Necessidades Urgentes

A queda no financiamento para pesquisa é uma ameaça ao desenvolvimento de novas abordagens no combate à malária. Diante disso, é crucial mobilizar recursos financeiros, compromisso político e investir em pesquisa e inovação.

A resposta à malária não pode ser isolada no setor de saúde. Estratégias integradas, envolvendo meio ambiente, desenvolvimento social e econômico, são essenciais. As mudanças climáticas e o enfrentamento da pobreza devem ser abordados para garantir uma resposta eficaz e sustentável.

Conclusão: Rumo à Redução da Carga da Malária

Apesar do cenário desafiador, a OMS destaca a possibilidade de retomar e acelerar o progresso na redução da carga da malária no mundo. Essa jornada requer um compromisso global, estabilidade financeira, expansão do acesso a intervenções comprovadas e desenvolvimento contínuo de ferramentas por meio de pesquisa e inovação.

Combater a malária é uma missão coletiva que transcende fronteiras e setores. Somente com uma abordagem integrada e sustentável, podemos vislumbrar um futuro onde a malária deixe de ser uma ameaça global.


Via de Transmissão do Parasita entre Vetor-Hospedeiro.



Lucas W. S. de Sousa, Biomédico Microbiologista editor e idealizador da página Microbiologia Clínica Brasil.